O que são finanças descentralizadas (DeFi)?
Guia para iniciantes de finanças descentralizadas 🌱
Finanças descentralizadas, ou DeFi, referem-se a um setor de protocolos e ativos baseados em blockchain. Se você já está no mundo das criptomoedas há algum tempo, é quase certo de que já ouviu esse termo antes.
O DeFi é um ecossistema de aplicativos descentralizados (dApps) que oferece vários serviços financeiros peer-to-peer, desde negociação até empréstimos e financiamento.
O que diferencia essas aplicações dos serviços centralizados é seu funcionamento de forma quase totalmente autónoma e sem necessidade de qualquer tipo de intermediário financeiro.
Isso, em última análise, é o que possibilita que as finanças descentralizadas capacitem as pessoas não apenas para realizar transações, como também para executar todos os tipos de serviços financeiros de uma forma completamente peer-to-peer.
Quais são as vantagens do DeFi?👍
Os serviços DeFi oferecem diversas vantagens importantes em relação aos aplicativos tradicionais de terceiros, incluindo o fato de serem:
- Automatizados: Os usuários podem obter acesso aos serviços de DeFi 24 horas por dia, sete dias por semana, sem os longos processos de aprovação impostos pelas entidades financeiras tradicionais.
- Democráticos: Os utilizadores podem participar no processo de governança destes serviços (isto pode incluir a capacidade de votar em mudanças nas tarifas, por exemplo).
- Sem permissão: Não pode ser negado aos usuários o acesso aos serviços DeFi de forma arbitrária ou devido a regulamentação injusta.
- Sem confiança: Os usuários não precisam confiar em instituições centralizadas ou em qualquer pessoa ao usar aplicativos descentralizados.
Para saber mais sobre as melhores maneiras de usar DeFi, confira nosso artigo O que você pode fazer com DeFi?
Quais são as desvantagens do DeFi? 👎
As finanças descentralizadas (DeFi) ganharam muita popularidade nos últimos anos, no entanto, também apresentam diversas desvantagens e riscos.
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Risco de segurança: As plataformas DeFi dependem de smart contracts para automatizar as transações financeiras. Esses smart contracts, embora projetados para serem seguros, não estão imunes a vulnerabilidades e bugs. As violações de segurança, hacks e abusos que já ocorreram no espaço DeFi levando a grandes perdas financeiras para seus usuários.
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Complexidade e barreiras técnicas: As plataformas DeFi quase sempre exigem que seus usuários tenham um certo nível de conhecimento técnico e familiaridade com a tecnologia de blockchain. A configuração de carteiras, a interação com smart contracts e a gestão de chaves privadas pode ser desafiador para pessoas não familiarizadas com esses conceitos.
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Volatilidade e riscos de preço: Os tokens e ativos DeFi com frequência estão sujeitos a volatilidade de preços extrema. Muitos projetos DeFi emitem seus próprios tokens, que, por sua vez, são sujeitos a rápidas flutuações de preços devido a fatores como negociações especulativas, desequilíbrios de liquidez e sentimento do mercado.
Para mais informações, confira o nosso artigo Como ter segurança com DeFi.
Como funcionam os dApps DeFi? ⚙️
As aplicações financeiras descentralizadas têm três componentes principais:
- Uma blockchain pública
- Criptomoeda
- Smart contracts
Blockchain
A tecnologia de blockchain fornece um sistema de registro transparente e distribuído para a gravação de todos os dados relacionados a um dApp. Sua própria comunidade formada por participantes voluntários, chamados de "nós", gerencia cada blockchain. Os nós são distribuídos por todos os países e podem ser qualquer pessoa no mundo.
Os nós usam seus computadores para realizar tarefas importantes, como o armazenamento e a validação de novas transações de dApp e de dados de smart contracts. Todos os nós aderem a regras estritas codificadas no protocolo de cada' blockchain.
Se quiser saber mais sobre como as blockchains funcionam, você pode conferir em nosso Centro de Aprendizado da Kraken o artigo O que é tecnologia de blockchain?
Em vez de construir uma blockchain do zero para cada novo dApp, muitos desenvolvedores criam seus aplicativos sobre redes blockchain que já existem.
Esse movimento economiza tempo e dinheiro e permite que os dApps sejam interoperáveis com outros aplicativos criados na mesma blockchain. Redes blockchain mais estabelecidas também oferecem maior segurança e grandes comunidades de usuários, diferentemente de uma rede recém-criada.
Ethereum, Solana, Polkadot e Cardano são algumas das maiores blockchains compatíveis com serviços DeFi atualmente.
Criptomoeda
Os tokens de criptomoedas nativos geralmente alimentam essas redes blockchain e incentivam os usuários a participarem de sua operação.
Se quiser saber mais sobre como as criptomoedas funcionam, você pode conferir o artigo O que é uma criptomoeda? em nosso Centro de Aprendizado da Kraken.
Para realizar quaisquer atividades relacionadas ao dApp, os usuários devem pagar taxas denominadas na criptomoeda nativa da blockchain' subjacente.
Para dApps construídos em Ethereum, os usuários pagam taxas em Ether (ETH). Com Cardano, as taxas são denominadas na criptomoeda nativa da plataforma,’ Ada (ADA), e assim por diante.
Esses tokens podem ter utilidades adicionais em alguns casos.
Por exemplo, os tokens de governança são um tipo de criptomoeda que concede aos titulares poderes de voto ponderados sobre a gestão do protocolo e as futuras direções.
Smart contracts
Os dApps alcançam sua autonomia usando smart contracts em vez de intermediários humanos. Smart contracts são programas de computador autoexecutáveis que cumprem automaticamente as obrigações contratuais entre duas partes quando fatores predeterminados são atendidos.
Se quiser saber mais sobre como os smart contracts funcionam, você pode conferir o artigo O que é um smart contract? em nosso Centro de Aprendizado da Kraken.
Os programas de smart contract são armazenados em blockchains. Plataformas de smart contract, como o Ethereum, usam ambientes de simulação computadorizada, chamados de máquinas virtuais, para ler e executar esses tipos especiais de programa.
O programa da máquina virtual é executado pelos nós durante a validação de transações envolvendo smart contracts. A máquina virtual garante que os smart contracts implantados na blockchain produzam transações válidas de acordo com as regras do protocolo.
Um grande exemplo prático de um dApp é o aplicativo DeFI DAI.
O DAI permite que seus usuários "bloqueiem" criptomoedas em um smart contract em execução na blockchain do Ethereum. Usuários fazem o depósito desses fundos como um colateral para gerar novos tokens de DAI que alimentam seu sistema de empréstimo. Os usuários podem pegar esses tokens DAI recém-criados e negociar com eles ou implantá-los em outras plataformas DeFi para obter rendimentos. Este projeto proporciona liquidez aos investidores sem que eles tenham que se desfazer diretamente de seu ETH.
Quando o usuário deseja recuperar seus ativos bloqueados, basta devolver o DAI e pagar uma pequena taxa de juros.
O que os protocolos DeFi fazem? 🧰
Conforme os protocolos de DeFi se expandem, é vantajoso compreender as diferentes classes de problemas que estes projetos estão tentando resolver.
Concessão e tomada de empréstimos
Criptomoedas DeFi com foco em empréstimos possibilitam que seus usuários tomem empréstimos por meio de software de computador, eliminando a necessidade de um intermediário confiável.
Com base em código em vez de contratos em papel, esses projetos automatizam as margens de manutenção e as taxas de juros necessárias nos empréstimos. Entre outras coisas, isso permite a liquidação automática caso os saldos fiquem abaixo da taxa de colateral especificada.
Embora cada protocolo de empréstimo tenha diferentes nuances, eles geralmente funcionam de maneira semelhante.
Por exemplo, normalmente existem dois tipos de usuários: aqueles que emprestam seus tokens ao protocol/fornecem liquidez a ele e aqueles que tomam esses tokens emprestados.
Alguém que queira emprestar criptomoedas enviaria esses tokens a um endereço de smart contract controlado pelo protocolo, e ganharia recompensas com base no valor emprestado.
Os mutuários, por outro lado, depositam colateral na forma de criptomoedas. Os smart contracts de dApp então os permite tomar empréstimos em criptomoedas como uma porcentagem do valor depositado.
Se os protocolos funcionarem como pretendido, os usuários podem facilmente tomar empréstimos em criptomoedas e financiamentos e os titulares podem obter juros sobre seus ativos depositados.
Aave, Compound e Yearn.finance são exemplos de protocolos de empréstimos.
Exchanges descentralizadas
As exchanges descentralizadas (DEXs) podem permitir que os usuários troquem criptoativos sem a necessidade de um livro de ofertas gerenciado por um terceiro, permitindo uma negociação verdadeiramente peer-to-peer.
Um mecanismo denominado "criador de mercado automatizado" é empregado para facilitar esse tipo de negociação.
Em vez de um software de correspondência centralizado que conecta compradores e vendedores, os voluntários (chamados fornecedores de liquidez) depositam os seus próprios ativos em pools específicos. Esses conjuntos de ativos ficam então disponíveis para serem negociados com outros.
Por exemplo, alguém que deseja trocar seus tokens Chainlink (LINK) por Ether (ETH) pode fazê-lo em um pool de liquidez ETH/LINK.
As taxas de transação cobradas dos traders são usadas para compensar os provedores de liquidez pelo seu serviço, distribuídas entre eles de forma proporcional. Em troca, os traders podem executar negociações instantaneamente, sem precisar esperar por uma contraparte adequada.
Um sofisticado algoritmo de equilíbrio, juntamente com traders de arbitragem, garante que os preços dos ativos dentro de cada pool reflitam os preços de mercado atuais.
Outro grande benefício de um DEX é que nenhum fundo de usuário é mantido por partes centralizadas. DEX' não usam qualquer tipo de custódia. Cada usuário conecta sua própria carteira de criptomoedas à plataforma, mantendo o controle sobre suas próprias chaves privadas.
Isso significa que os fundos dos usuários' não correm risco de serem roubado através dos mesmos vetores usados para hackear exchanges centralizadas. No entanto, os usuários de DEX ainda podem perder fundos por outros meios, é importante tomar precauções para manter suas criptomoedas seguras.
Uniswap, dYdX e Curve são exemplos de exchanges descentralizadas.
Derivativos
Os mercados de derivativos são onde os compradores e os vendedores trocam contratos com base no valor futuro esperado de um ativo. Esses ativos podem ser qualquer coisa, desde criptomoedas, passando por resultados futuros de eventos, até ações e títulos do mundo real.
Em protocolos como o Synthetix, os usuários podem negociar ativos do mundo real, como ações, moedas e metais preciosos na forma de tokens no Ethereum.
Em outros protocolos, como o Augur, os usuários apostam nos resultados de eventos. Com o Augur, os usuários podem criar e trocar "participações" que representam uma parte do valor de resultados, como resultados eleitorais ou esportivos.
Por fim, protocolos como o dYdX oferecem aos usuários a possibilidade de negociar tokens com margem, permitindo aos traders o uso de alavancagem em posições short ou long em diversos mercados.
Como começar no DeFi
A Kraken permite a compra, venda e negociação das principais criptomoedas que moldam o ecossistema DeFi.
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